Guerra comercial EUA-China tem trégua mas ainda está longe do fim, diz CEO do Grupo Oxford
A guerra comercial entre os Estados Unidos e a
China ainda está distante de ser encerrada e a
decisão anunciada pelo governo chinês no sentido
de realizar importações no total de US$ 30 bilhões
em produtos agrícolas americanos –soja, milho e
trigo principalmente- nada mais é que uma trégua e
não o encerramento desse contencioso comercial que
com certeza terá novos desdobramentos.
Esta opinião foi expressa ao Comexdobrasil.com por
Carlo Barbieri, presidente do Oxford Group, a mais
prestigiada empresa de consultoria brasileira
instalada nos Estados Unidos com foco nas empresas
nacionais interessadas em se instalarem no
território americano.
Segundo Carlo Barbieri, “o presidente Donald Trump
é reconhecidamente um “cabeça dura”, mas é
inegável que ele também tem suas razões”. Ele se
refere especificamente à determinação do
presidente Trump de levar ao limite máximo os
esforços visando reduzir o gigantesco déficit
acumulado pelos Estados Unidos no comércio
bilateral com a China.
O CEO do Grupo Oxford destaca que “com as
negociações em curso entre Washington e Pequim, a
expectativa é de que se avance na redução do
desequilíbrio na balança comercial sino-americana,
hoje em torno de US$ 400 bilhões ao ano. A
expectativa é de que esse saldo negativo caia
para pelo menos US$ 200 bilhões/ano. Mas ainda
assim permanecerá elevado e o interesse americano
é no sentido de trazer esse intercâmbio para o
mais próximo do equilíbrio possível”.
De acordo com o especialista com vasta expertise
no mercado americano, “caso se concretize a
importação de US$ 30 bilhões em produtos agrícolas
americanos, esse será apenas um passo inicial rumo
à redução desse saldo negativo para os Estados
Unidos. É um gesto importante mas ainda restará
muito a fazer para cortar esse deficit à metade da
cifra registrada no ano passado”.
Carlo Barbieri sublinha ainda que “é fato sabido
que os Estados Unidos têm todo o interesse em
exportar produtos agrícolas para a China. Afinal,
os Estados Unidos são a maior potência industrial
mas também o maior produtor e exportador mundial
de alimentos. Contudo, em matéria de commodities,
quem dita o preço é o importador e não o
exportador. No caso específico da soja e também
do milho, os preços internacionais desses produtos
são fixados levando-se em conta fatores como a
oferta mundial, queda ou alta das safras entre
outras condicionantes e é pequena a interferência
dos países produtores, mesmo de uma superpotência
como os Estados Unidos”.
Em entrevista recente ao jornal “Valor Econômico”,
Carlo Barbieri disse acreditar que o Brasil pode
aproveitar o período de retomada das negociações
entre o governo de Donald Trump e a China para
ampliar o comércio com essas duas nações. “Nós
temos visto uma grande oportunidade comercial pare
que o Brasil se afirme nesses mercados,
principalmente aqui nos Estados Unidos”, disse.
“É possível que neste momento o país ganhe
competitividade para os seus produtos e reafirme
sua robustez comercial nos EUA. Nós temos as
condições ideais para ocupar o centro dessa
disputa e ganhar com ela”, afirmou o analista.
Na visão de Barbieri, as pressões de Washington
sobre a China poderão levar a negociações para a
abertura de comércio com outros países, como o
Brasil, que conta com a aproximação do governo
Jair Bolsonaro, que também é de um partido de
direita e expressa grande simpatia por Trump.
“Os Estados Unidos estão fortalecendo seus laços
comerciais neste momento, e a questão política
ideológica atual também está sendo favorável. O
Brasil pode e deve aproveitar essa chance para
consolidar mais a relação com os EUA”, disse Carlo
Barbieri.
Ao mesmo tempo, o consultor destacou que governo
brasileiro pode ampliar negociações com a China.
“Estrategicamente interessa para a China seguir
sendo maior parceiro para o Brasil em
matérias-primas e pode haver muito mais produtos”,
indicou ele, lembrando, porém, que há restrições
no meio do caminho. “O limite está nas aquisições
de propriedades rurais e de indústrias
estratégias que incluam tecnologia de ponta”,
concluiu o presidente do Grupo Oxford.
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