Carne suína de SC recebe sinal verde para exportação ao Japão.
Embarques catarinenses devem iniciar ainda neste ano
Santa Catarina deve iniciar ainda em 2012 os
embarques de carne suína para o Japão, principal
importador mundial, que já chegou a comprar 1,3
milhão de toneladas do produto em um ano, e
mercado cobiçado pelo Estado há pelo menos duas
décadas.
Nesta segunda-feira, dia 27, às 8h, o governador
Raimundo Colombo recebeu a ligação do embaixador
do Brasil no Japão, Marcos Bezerra Galvão,
informando que o Estado tinha sido avaliado
positivamente na reunião da Comissão de Avaliação
de Risco de Sanidade Animal, do Ministério da
Agricultura, Pesca e Florestas do Japão.
Colombo esteve em setembro de 2011 em missão no
Japão para estreitar os laços. Os japoneses também
visitaram SC no ano passado, onde conferiram
unidades da Aurora, BRF Brasil Foods, Marfrig,
Pamplona e Sul Valle. A expectativa é que essas
plantas sejam habilitadas para venda ainda neste
ano.
— Nossa expectativa é para outubro. Isso muda
tudo. SC passa a ter um mercado estável e que
remunera melhor — avalia o governador.
O secretário da Agricultura, João Rodrigues,
também prevê agilidade na liberação. E considera
que a notícia é a redenção da suinocultura
catarinense, que vem enfrentando forte crise
principalmente pelo aumento de custos.
O presidente da Companhia Integrada para o
Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina
(Cidasc), Enori Barbieri, destacou que a conquista
é resultado de um trabalho de quase 30 anos de
produtores, indústrias e governo do Estado. SC
conquistou, em 2007, o Certificado de Zona Livre
de Aftosa Sem Vacinação. Ele acredita que a
presença das indústrias catarinenses na venda de
frango vai facilitar os contatos.
— Nossa expectativa é de vender 130 mil toneladas
de carne no primeiro ano e, depois, chegar a 30% a
40% (do mercado japonês) — disse Barbieri.
Para ele, a notícia vai representar a retomada de
investimentos em SC. Barbieri afirmou que neste
ano houve um aumento de produção de 50 mil
toneladas em SC, já com a expectativa de vendas
para o Japão, e que isso acabou contribuindo para
a crise. Só a unidade da BRF Brasil Foods em
Campos Novos, inaugurada no ano passado, tem
capacidade para abate de 7,2 mil suínos por dia.
— Nossa perspectiva é dobrar as exportações
catarinenses a partir de 2013 — projetou a
ministra de Relações Institucionais, Ideli
Salvatti.
O diretor de agropecuária da Aurora Alimentos,
Marcos Zordan, afirmou que a unidade de Chapecó
situada na saída para Guatambu e a planta de São
Miguel do Oeste foram visitadas pelos japoneses e
poderiam exportar. Zordan informou ainda que estão
sendo investidos R$ 45 milhões na unidade de
Joaçaba, com capacidade de 1,5 mil suínos/dia, com
foco na exportação. Empresários japoneses que
compram de empresas de SC já vinham sondando sobre
a abertura do mercado.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Carnes
e Derivados de SC, Cléver Pirola Ávila, comparou a
aprovação japonesa à conquista de um troféu. Mas
ele é mais cauteloso nas avaliações. Ele ressaltou
que ainda é necessário redigir um documento que é
o Certificado Sanitário Internacional, que vai
definir as regras para a compra. Os suínos terão
que ser nascidos em SC e a ração precisa ser livre
de ractopamina, aditivo que aumenta a
produtividade.
Ávila prevê investimentos no aumento da capacidade
de produção das unidades em SC. Mas avalia que
neste ano apenas alguns embarques serão
efetivados, pois as indústrias terão que se
adaptar aos cortes exigidos pelos japoneses.
O vice-presidente de relações institucionais da
Marfrig, João Sampaio, disse que a notícia é muito
boa mas também é cedo para falar em números.
— Nós vamos ter que disputar em preço com outros
mercados que já fornecem para o Japão — pondera.
Ele considera que SC já tem uma estrutura capaz de
atender a demanda do Japão. Para Zordan, há opção
de trocar mercados que remuneram menos pelo Japão,
tanto internamente como externamente. Ele projeta
que é possível um aumento de preço da carne para o
consumidor. Ela deve subir 5% em breve, não em
função da abertura dos japoneses, mas pelo aumento
do custo de produção.
O presidente da Associação Catarinense dos
Criadores de Suínos, Losivânio de Lorenzi, disse
que a notícia é boa mas prefere aguardar os
primeiros embarques para comentar a respeito.
— Outra vezes já ocorreram anúncios que acabaram
não se confirmando — destacou.
Ele lembra que o setor ainda enfrenta o alto custo
de produção e a falta de milho, que não foi
resolvida pelo governo federal.
— Até agora atenderam apenas 10% do necessário —
calculou.
Antes de vender para o Japão, o setor precisa
receber milho do Centro-Oeste.
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